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O caso SVB deve realmente nos assustar?

Nada presente nas rodas de conversa o Silicon Valley Bank (SVB) fez da quinta-feira (9) um dia ruim para o setor bancário nos Estados Unidos, com seu maior declínio em um dia desde junho de 2020. O maior perdedor foi o SVB Financial Group (SIVB), controlador do SVB, que caiu 60%.





O banco com sede em Santa Clara, Califórnia, não é grande para provocar uma crise bancária nacional. Com cerca de US$212bi em ativos (menos de um décimo do JPMorgan), sendo um negócio de nicho, que financia principalmente startups relacionadas à tecnologia.


Eis o problema. O SVB faz negócios com quase metade das as startups apoiadas por capital de risco dos EUA e 44% das empresas de tecnologia e saúde apoiadas por capital de risco dos EUA que abriram o capital em 2022. Ter que arrecadar capital de imediato não é uma boa estratégia para qualquer banco. Mas pior é o motivo: As startups com depósitos no banco estão sacando dinheiro.


A controladora do SVB surpreendeu o mercado na quarta-feira (8) ao vender cerca de US$21bi em títulos de sua carteira, o que trará um prejuízo de US$1,8bi no primeiro trimestre.


O banco vendeu US$500mi de título conversíveis em ações e US$1,25bi em ações. Além disso, a General Atlantic se comprometeu a comprar US$500mi em ações ordinárias, elevando o valor total para cerca de US$2,25bi.


O financiamento de capital de risco secou pois os aumentos das taxas de juros do Federal Reserve (FED) tornam os investidores mais cautelosos, com o vislumbre de uma recessão. Conforme a empresa de capital de risco Partech Partners, o financiamento caiu 35% no ano passado.


O setor tech foi devastado à medida que a suba dos juros para combater a inflação derruba valuations e força as empresas a buscar capital. O CEO do SVB, Greg Becker, relatou em carta aos acionistas na quarta-feira (8) que espera taxas de juros mais altas e toma providências pois os juros acarretariam em pressões nos mercados e elevada queima de caixa de seus clientes. Com isso, fica mais complexo mensurar a importância da indústria tech e startups para a economia internacional. Há poucos meses, as startups criavam globalmente um valor análogo ao PIB de um integrante do G7 (top 7 economias do mundo), e o valor do financiamento de startups em 2021 extrapolou US$600bi globalmente, conforme com um relatório do Fórum Econômico Mundial de 2022.


O desempenho das empresas de tecnologia como Amazon, Apple, Google, etc, ascendeu mais de 700% entre 2016 e 2021, batendo os 150% de ganho do S&P500. Desde o dia 8, o índice das empresas tech caiu 32%. Demissões na indústria tech vêm aumentando. Dados do dia 9 anunciaram um total de 20.442 vagas em fevereiro, enquanto no varejo foram 8.544 demissões.


Apesar de os juros subirem de quase zero desde março de 2022 para 4,75%, a economia não caiu oficialmente em recessão como se esperava. Quiçá os problemas do Silicon Valley Bank sejam o anúncio de que a recessão chegou. Nesse sentido, não se admira que esse banco tenha assustado todo mundo.


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